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.Não podia olhar para trás e o ruídoera a minha única forma de orientação  mas pouco antes eu havia aprendido a escutar o mundo, como sePetrus pudesse adivinhar que eu ia precisar deste tipo de conhecimento agora.Sentia o peso e as pedras seacomodando, mas a cruz subia lentamente, para me redimir daquela prova, e voltar a ser a estranha moldurade uma parte do Caminho de Santiago.Só faltava agora o esforço final.Quando eu estivesse sentado nos meu calcanhares, ela deviaescorregar de minhas costas e iria afundar no buraco.Uma ou duas pedras fugiram do lugar, mas a cruz agoraestava me ajudando, pois não saiu da direção do local onde eu havia levantado o chão.Finalmente, um puxãonas minhas costas indicou que a base tinha ficado livre.Era o momento final, semelhante ao da cachoeira,quando tive que atravessar a corrente de água.O momento mais difícil, porque a gente tem medo de perder, equer desistir antes que isto aconteça.Senti mais uma vez o absurdo de minha tarefa, colocando uma cruz em pé quando tudo que eu queria era encontrar a minha espada, e derrubar todas as cruzes para que pudesserenascer no mundo o Cristo Redentor.Nada disto importava.Num golpe súbito, empurrei as costas, a cruzdeslizou, e naquele momento entendi mais uma vez que era o destino quem estava guiando a obra que euhavia feito.Fiquei aguardando o baque da cruz, caindo para o outro lado e atirando para todos os cantosas pedras que eu havia juntado.Pensei em seguida que o impulso podia não ter sido o suficiente, e que ela iriavoltar e cair sobre mim.Mas tudo que eu ouvi foi um ruído surdo, de alguma coisa batendo contra o fundo daterra.Virei-me devagar.A cruz estava de pé, ainda balançando por causa do impulso.Algumaspedras rolavam do monte, mas ela não ia cair.Rapidamente eu recoloquei as pedras no lugar, e abracei-mecom ela para que parasse de balançar.Neste momento eu a senti viva, quente, certo de que tinha sido umaamiga durante toda a minha tarefa.Fui me soltando devagar, ajustando as pedras com os pés.Fiquei admirando meu trabalho durante algum tempo, até que as feridas começaram a doer.Petrus ainda dormia.Cheguei perto dele, e o cutuquei com o pé.Ele acordou de súbito, e olhou a cruz. Muito bem  foi tudo o que disse. Em Ponferrada a gente muda as ataduras. A TRADIÇÃO Eu preferia haver levantado uma árvore.Aquela cruz nas costas me deu a impressão deque o objetivo da busca da sabedoria é ser sacrificado pelos homens.Olhei ao redor, e minhas próprias palavras soaram sem sentido.O episódio da cruz era algodistante, como se já tivesse acontecido há muito tempo  e não no dia anterior.Não combinava de jeitonenhum com o banheiro de mármore negro, a água morna da banheira de hidromassagem, e o cálice de cristalcom um excelente vinho Rioja que eu bebia devagar.Petrus estava fora do meu alcance de visão, no quarto doluxuoso hotel onde havíamos nos hospedado. Por que a cruz?  insisti. Foi uma dificuldade convencer na portaria que você não era um mendigo  gritou ele doquarto.Ele havia mudado de assunto e eu sabia, por experiência própria, de que não adiantavainsistir.Levantei-me, coloquei a calça comprida e uma blusa lavada, e refiz as ataduras dos ferimentos.Haviaaberto os curativos com todo o cuidado, esperando encontrar chagas, mas apenas a casca da ferida havia serompido, deixando sair um pouco de sangue.Uma nova cicatriz já se havia formado, e eu estava me sentindorecuperado e bem disposto.Jantamos no próprio restaurante do hotel.Petrus pediu a especialidade da casa  uma paellavalenciana  que comemos em silêncio, acompanhados apenas do saboroso vinho Rioja.No final do jantar,ele me convidou para dar uma volta.Saímos do hotel e fomos em direção à estação ferroviária.Ele tinha voltado ao seu mutismohabitual, e continuou calado durante toda a caminhada.Chegamos a um estacionamento de vagões de trem,sujo e cheirando a óleo, e ele sentou-se na borda de uma gigantesca locomotiva. Vamos parar por aqui  disse.Eu não queria sujar minha calça nas manchas de óleo, e resolvi ficar em pé.Perguntei se nãoera melhor caminhar até a praça principal de Ponferrada. O Caminho de Santiago está prestes a acabar  disse meu guia [ Pobierz caÅ‚ość w formacie PDF ]

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